quinta-feira, 23 de junho de 2011

UMA IDEIA TODA AZUL

MAIS UM MOMENTO DE ENCANTAMENTO COM O CONTO: Uma ideia toda azul, de Marina Colasanti!!!! Vale a pena ler e reler!!!


Um dia o Rei teve uma ideia. Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda azul.
Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore.
Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém.
Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma ideia: Quem jamais saberia que já tinha dono?
Com a ideia escondida debaixo do manto, o Rei voltou para o castelo. Esperou a noite. Quando todos os olhos se fecharam, saiu dos seus aposentos, atravessou salões, desceu escadas, subiu degraus, até chegar ao Corredor das Salas do Tempo.
Portas fechadas, e o silêncio.
Que sala escolher?
Diante de cada porta o Rei parava, pensava, e seguia adiante. Até chegar à Sala do Sono.
Abriu. Na sala acolchoada os pés do Rei afundavam até o tornozelo, o olhar se embaraçava em gazes, cortinas e véus pendurados como teias.
Sala de quase escuro, sempre igual. O Rei deitou a ideia adormecida na cama de marfim, baixou o cortinado, saiu e trancou a porta.
A chave prendeu no pescoço em grossa corrente. E nunca mais mexeu nela.
O tempo correu seus anos. Ideias o Rei não teve mais, nem sentiu falta, tão ocupado estava em governar. Envelhecia sem perceber, diante dos educados espelhos reais Que mentiam a verdade. Apenas, sentia-se mais triste e mais só, sem que nunca mais tivesse tido vontade de brincar nos jardins.
Só os ministros viam a velhice do Rei. Quando a cabeça ficou toda branca, disseram-lhe que já podia descansar, e o libertaram do manto.
Posta a coroa sobre a almofada, o Rei logo levou a mão à corrente.
Ninguém mais se ocupa de mim - dizia atravessando salões e descendo escadas a caminho das Salas do Tempo - ninguém mais me olha. Agora posso buscar minha Linda ideia e guardá-la só para mim.
Abriu a porta, levantou o cortinado.
Na cama de marfim, a ideia dormia azul como naquele dia.
Como naquele dia, jovem, tão jovem, uma ideia menina. E linda. Mas o Rei não era mais o Rei daquele dia.
Entre ele e a ideia estava todo o tempo passado lá fora, o tempo todo parado na Sala do Sono. Seus olhos não viam na ideia a mesma graça. Brincar não queria, nem rir. Que fazer com ela? Nunca mais saberiam estar juntos como naquele dia.
Sentado na beira da cama o Rei chorou suas duas últimas lágrimas, as que tinha guardado para a maior tristeza.
Depois baixou o cortinado, e deixando a ideia adormecida, fechou para sempre a porta.
(Este conto, de Marina Colasanti, faz parte do livro com o mesmo nome. Global Editora e Distribuidora)


6 comentários:

  1. Este trecho do livro, nos faz pensar e refletir no valor que deveríamos dar aos bons pensamentos que temos. É interessante que com o passar dos anos esta idéia deixou de ter o mesmo grau de importância.Deveríamos cuidar melhor dos nossos bons pensamentos e passarmos a ter o hábito de tê-los.
    Brunna Glória

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  2. Esse livro foi muito interessante, por que além de viajarmos nele passa uma ideia boa, como a de dar valor aos bons pensamentos e sabermos usa-los.

    Nikole Aryel

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  3. Texto muito bom me diverti bastante lendo ele...

    Matheus R.

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  4. os textos de marina colasanti são ótimos e esse texto nos mostra e nos faz refletir sobre o valor das palavras em nossa vida.

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  5. esse texto mostra que ñ podemos quarda um aidei se vc tiver uma ñ prenda usa ela logo antes que seja tarde e depois de um tempo ñ tem o mesmo signficado de nates


    vagner rubim

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  6. Os textos da escritora Marina Colasanti são muito bom e nos fazem refletir, e esse texto fala que um rei teve uma ideia e ficou com tanto medo que algém pegasse esta ideia dele que a trancou em um quarto e quando a tirou ja não tinha mas prazer de brincar com ela

    Jhonatan Da Silva Alves

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